'Poupança é um produto apoiado na desinformação, um Robin Hood às avessas', diz Galípolo

18/11/2025
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'Poupança é um produto apoiado na desinformação, um Robin Hood às avessas', diz Galípolo

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou hoje em um evento que a caderneta de poupança funciona como um “Robin Hood às avessas”.


Isso porque a poupança concentra o dinheiro de pessoas de menor renda e com menos acesso à educação financeira, que acabam aplicando seus recursos em um produto com rendimento inferior à taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. Segundo ele, a poupança é um produto financeiro “apoiado na desinformação”.


Galípolo falou hoje no painel “Política Monetária no Brasil", no Fórum de Investimentos 2026, promovido pela Bradesco Asset Management, em São Paulo.


- A poupança é um produto apoiado na desinformação, um Robin Hood às avessas. Porque a pessoa que (guarda seu dinheiro na poupança) não tem informação, é a que não tem acesso a outras alternativas. Geralmente é uma pessoa que talvez não tenha tanto recurso. Você está subremunerando esse poupador para dar uma linha de crédito mais barata para alguém do outro lado, o que não necessariamente é o mais correto do ponto de vista de progressividade da política econômica.


Atualmente a caderneta de poupança rende no Brasil 0,5% ao mês, acrescida da variação da Taxa Referencial (TR), que é próxima de zero (0,1722%), o que dá aproximadamente 0,67% atualmente. Em termos anuais, isso significa que o dinheiro na poupança rende 6,17% em 12 meses mais a variação da TR no ano. A Selic, que remunera investimentos em renda fixa como CDBs e títulos do Tesouro Direito, foi mantida pelo BC na semana passada em 15% ao ano.


Presidente do BC comentava crédito habitacional


A poupança é uma das fontes de recursos de financiamentos habitacionais, operações de crédito de longo prazo que praticam taxas menores que a Selic. No entanto, os depósitos nessa modalidade têm caído nos últimos anos.


Os comentários de Galípolo foram feitos enquanto ele explicava o novo modelo de financiamento da casa própria do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), lançado no mês passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de tentar resolver o problema do volume menor de recursos depositados na caderneta, o novo sistema busca uma aproximação com a classe média. O teto do valor do imóvel que pode ser financiado subiu para R$ 2,25 milhões


Encolhimento 'estrutural'


Galípolo disse também que a redução do uso da poupança pelos brasileiros é uma mudança estrutural, e não apenas conjuntural, resultado do maior acesso da população a informação e à educação financeira, o que tem estimulado pessoas físicas a buscarem alternativas de investimento mais rentáveis para suas economias. Ele mencionou a digitalização de serviços bancários como um fator que influencia essa transformação:


- É mais fácil você pesquisar. Houve também uma revolução no mercado financeiro, em que é muito mais fácil você ter acesso a outros produtos. Hoje você recebe ofertas de outros produtos.


Sobre a manutenção da Selic -principal instrumento da política monetária do BC para levar a inflação para a meta de 3% ao ano -em 15% ao ano, alvo de críticas de setores empresariais e até mesmo de integrantes do governo Lula, Galípolo afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) não tem a intenção de passar sinais ou conduzir o mercado.


Segundo ele, o comitê que define os juros apenas reconhece “com humildade” o cenário econômico de bastante incerteza, o que afeta as perspectivas de inflação.


Na ata da reunião do Copom da semana passada, os diretores do BC reiteram a sinalização de que devem preservar os juros no maior patamar desde julho 2006 por um período prolongado, em nome do controle inflacionário.

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